segunda-feira, 25 de maio de 2009

Está aqui em mim

Vi algo que tocou meu afeto
Algo inesperado singelo e belo
Mas não tinha papel ou teclas
Que pudesse expressar o que sentia
Estava no ônibus saculejando em pé
Então passei a viagem imaginando
Como escreveria, em prosa ou verso
Imaginei o título e as palavras
Que eu ia dispor no escrito
Desci anciosa do coletivo
E fui apresada ignorando os conhecidos
Cheguei em casa e sentei no computador
Mas as palavras não fluiam
Problemas, afazeres, trabalhos e entes
Disputavam minha mente
Foi uma disputa desigual
E logo desliguei o PC
Mas a poesia está aqui em mim
Aquele sentido ainda está aqui
Suplicando para sair, pra nascer
Mas toda vez que pego o papel
As palavras fogem, mas estão aqui
Coração, mente e memória
Não posso deixá-la partir
Sem ao menos existir fora de mim
Ela não pode morrer
Pois será uma parte de meus sentidos
e de mim
Que secará.

terça-feira, 19 de maio de 2009

Previsão de tempo



Contrariando as variações climáticas do ano de 2008, o ano de 2009 começou com o céu encoberto por nuvens espessas fazendo com que os dias sejam monótonos sem a luz vibrante do sol. A queda na temperatura faz com que a presença de neblina dificulte a visibilidade do horizonte. Viagens só são possíveis com a ajuda de aparelhos de navegação. Essa massa de ar continua estacionada contrariando previsões feitas por especialistas, indicando que mudanças no tempo não aconteceram tão cedo. Esta situação jamais vista desde o advento da meteorologia assustam especialistas que procuram entender essa mudança climática tão brusca. Os cientistas procuram explicação para o fenômeno, mas apenas o que conseguem mostrar é que por mais que tentemos, há situações em que simplesmente não podemos controlar, prever, entender, ou mesmo explicar, nos restando apenas assistir ao que acontece, diante de uma completa incerteza do que virá depois. Resta-nos apenas esperar, seguindo algum caminho, se prendendo na esperança de que o tempo possa o quanto antes mudar, e possamos novamente ter o sol e o horizonte ao alcance da visão.

sexta-feira, 8 de maio de 2009

O medo e o “se”

Seus olhos capturam os meus
E disto de tudo
E sou tomada pelo se

E se não der certo?
E se não gostar?
E se eu sofrer?
E se eu me enganar?
E se for usar?
E se for passatempo?
E se eu não gostar?
E se for desprezada?

Se...

Mas se der certo?
E se for recíproco?
E se combinar?
E se nos completarmos?
E se for agradável?
E se for bom?
E se for durar?
E se for intenso?
E se nos confortarmos?
E se for de pele?
E se eu for feliz?
E se for sublime?

Seus olhos me encontram

E se eu estiver viajando?
E se eu for uma idiota?

Desvio o olhar
Mas não desvio o afeto
Não dá pra evitar.

quinta-feira, 7 de maio de 2009

Lê saudade

Saudade...
Saudade...
De sorrir pra tela do computador
Da ansiedade boa antes de abrir o e-mail
De ler e escutar o que foi grafado
Saudade...
Saudade...
De jogar conversa fora
De compartilhar idéias
Da presença não presente
Saudade...
Saudade...
Das palavras que me abriam os horizontes
Da vida que parecia mais ampla e menos lúgubre
Da proximidade ainda que distante
Saudade...
Saudade...
Da espera pelas palavras fraternas
Da afeição
Da agradável conexão.

Mas jaz.
E o que resta?
Saudade...
Saudade.
Ahh saudade!