quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Crônica de Quinta

        O quintal a lembrava uma Quinta. Mas sua dimensão não chegava sequer um punhado à se igualar com a do Rio de Janeiro. A que era nomeada a da Boa Vista. Isso no pensamento da menina que brincava de cócoras no pé das plantas com seus bonecos feitos de palitos de fósforo. O tronco do boldo, e de outras plantas do jardim que sua mãe plantava, eram transformadas em casas de árvores para seus palitinhos. Lembravam a moradia dos  heróis de seu tempo de infância. Ali naquelas plantas havia vida, imaginação e fascínio. Havia ali um verdadeiro zoológico de insetos, porém de uma coleção livre e que não se igualava, em tamanho, aos animais do verdadeiro Zoo. 
         Tinha ido uma vez à Quinta ver os bichos e comer algodão doce com seus pais num feriado do Dia do Trabalhador. Foi o bastante para, com imaginação e memória, fazer de seu quintal uma Quinta. 
Além de mini casas de árvores, passava boa parte do dia observando a engenharia das formigas. Ela jogava pedacinhos de arroz cozido para as formigas carregarem. As operárias, as menores, se juntavam para transportar o grão com um cuidado que não derrubavam os grãos de terra que circundavam a entra da toca delas. O formigões , que pareciam vigias, procuravam auxiliar as operárias e também as protegiam da invasão de formigas estranhas que tentavam invadir seu pequeno forte. 
           Sua Quinta Quintal, não tinha apenas várias espécies de formigas. Havia também mini caranguejeiras,  lagartixas, mosquitos, lagartas coloridas, borboletas pintadas e amarelas, e ainda uma espécie de mosquito pavão. Uma espécie rara, nomeada por ela mesma. Este era um pequeno mosquitinho que tinha pelinhos brancos que pareciam formar um rabinho que era parecido com o de um pavão albino, que ao voar assemelhava-se a um dente de leão pairando no ar. 
           Á sua coleção de bichos, não podia deixar de mencionar seus gatos e cachorros com habilidades especiais, como brincar com bolinhas de papel, ou de outros materiais. 
           A Quinta Quintal era legal só em sua imaginação de criança. Para os adultos não passavam de frescuras. Para ela palavras, plantas e pensar viravam brinquedos, no seu punhado, sua Quinta Quintal.