sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Brilho

Lembro de ti
daquele brilho
que vi dos teus olhos
naquele dia
vi você
com profundidade
partido dali
você mudou em mim.

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

amor real

porque desse amor
que nos faz manso
mesmo nas horas de fúria

o que é esse amor?
esperando pra ser transitivo
que nos prende
mesmo que razão peça liberdade.

Não esquecerei mais de mim
não quero mais a sua eternidade
o quero mesmo sendo efêmero
quero o amor real
quero o real

idealizações é impar
quero o par
e o amor real
o que eu não consigo esquecer
mesmo que me contrarie

quero amor real

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

MUDO

Agora sim
Agora mudo
Liberto
meu grito
não é mais mudo
Me sacudo
me acudo
e o que me muda?
Não é divino
sobrenatural
nem segue
ritmo natural
é por decreto meu
ação ditada por mim
e para mim
Mudo
não quero
murmúrios
pranto
nem resignação
pois jaz tudo
e a vida é breve.
Imprimo um sorriso
seguro a esperança
e mudo
mudo o rumo.

domingo, 11 de outubro de 2009

Incoveniente

"O grande inconveniente da vida real e que a torna insuportável para o homem superior é que, se para ela são transportados os princípios do ideal, as qualidades se tornam defeitos, tanto que muito freqüentemente aquele homem superior realiza e consegue bem menos do que aqueles movidos pelo egoísmo e pela rotina vulgar". Ernest Renan (1823-1892)

Epígrafe do livro O triste fim de Policarpo Quaresma de Lima Barreto (1911).


O homem que habita o andar superior ao real, morada dos ideais, sempre se depara com incoveniências. Então não devo sonhar? Não há nenhum contraponto? O mundo é este dado eterno?
Mario Quintana nos diz:

"Não desças os degraus do sonho para não despertar os monstros.
Não subas aos sótãos - onde os deuses - por trás das suas máscaras, ocultam o próprio enigma.
Não desças, não subas, fica!
O mistério está é na sua vida!
E é um sonho louco este nosso mundo..."

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quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Só quero!

Um tostão por meus pensamentos
É o que recorrente me peguntam,
Digo que não é dificil presumir.
penso em várias coisas
penso no que quero.
mas eu só quero
quem me compreenda
quem me entenda
que goste
desse meu jeito tosco
que respeite esse meu jeito
que respeite os meus limites.
quem eu goste
do jeito que é
que seja do jeito que é.
quem eu respeite os seus limites
que respeite os meus também.
quero alguém que não veja em mim
apenas um meio
de buscar quem sabe o que
no qual eu seja dispensável.
quero um porto
e ser também porto.
Quero alguém que não me teste
o tempo todo
pra saber
que mascara usar
pra me agradar ou ter minha confiança
pra eu entregar as minhas fraquezas.
quero alguém
que me entenda
ou que ao menos
me respeite
ou que respeite o que eu quero.
e que entenda que quando peço
peço o que quero
e se levo a sério
é pra não haver mistérios
ou enganos, desilusões.
quero ombro
quero beijo de boa noite
de boa sorte
de bom amor.
não quero jogos
de ilusões
não quero alguém
que só me dê
ou que só me sugue.
quero alguém que se dê
para que eu me dê.
não há segredo
nem décimas intensões.
mas que adianta
se eu só quero
sem poder ter.
então prefiro
meu ostracismo
perdida em meus pensamentos.
um tostão por meus pensamentos?
Poupe seus tostãos...

terça-feira, 29 de setembro de 2009

Em que canto?

Cadê cadê
Em que canto está?
Para onde foi
O meu encanto?

Cá neste canto
Só encontro o pranto
Que afetou meu canto
E a cadência findou

Cadê cadê
Meu encanto
Levou meus sonhos
E agora eu só tenho
Um descontente coração

Cá neste canto
Não o encontro
Pra onde foi?
Porque se foi?

Meu encanto.

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Certo desacerto

Das infinitas possibilidades
De continuidade e de rompimento
Dos significados entrelinhas
Das intenções despercebidas
Das imagens queridas ou não bem vindas
Foram postas as indevidas

Palavras torpes limparam o brilho
Palavras mostraram os descaminhos
Palavras retrocederam o ímpeto
Palavras mantiveram convenções
Palavras selaram os destinos

E na contramão os olhos
Desafiaram
Analisaram
Brilharam
Acusaram
Reprovaram
Expresaram
Procuraram
E não acharam

E deste modo
Tudo ficou acertado
Desacertado

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Silenciar

silêncio
calmaria
angústia relaxada.
não sei
se é olho do ciclone
ou a tempestade jaz.
angústia relaxada.
rendição?
resignação?
maturação?
não importa.
não olho pro abismo
olho em direção ao cume.

Esfinge

filha de quimera
tua presença
consome
aquele que tenta
decicifrá-la

enigma
transcendente
faz tudo ter sentido
e torna a forma
omnipresente.

coincindência,
aparência?
faz sentido
e é querido.

o reconheço
em palavras
no biscoito da sorte
nas previsões.

superinterpretação,
fuga do concreto,
enigma que transcende?
imaginação.

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Não tem palavra

Me sinto ignorante
Por não ter a palavra
Que melhor descreva
O sentimento ao te ver
É tamanha a sensação
Um turbilhão de sentidos
Que me freiam
Que me inquietam
Que me anseiam
Que me apaziguam
Que me amedrontam
Que me apreendem
Que me encorajam
Que me balança
Que me tomam
Num unico segundo
Ao te ver
Mas que não posso
Nada fazer
Só te ver
Mãos trêmulas,
Suadas, além do comum
Taquicardia,
Que resultam
Em um aceno tímido
Aparentemente frio
Retendo em mim
Esse turbilhão.
A palavra que cotenha
Todos estes sentidos
Precisa ser inventada.

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Quem me dera

Ter a chave do tempo
E voltar nas horas
E ver pessoas de outrora
O olhar que me faz falta
Presentear meus olhos
Com a presença imponente
Falar o que deveria ter dito
E também o que não deveria
Quem me dera ter aquela presença
Novamente
Quem me dera...

domingo, 30 de agosto de 2009

Vista da popa

A vivência molda o pensar
O pensar guia o agir
O agir encaminha o vivido.

Não se cresce
Com uma formula pronta
Do mundo, dos sentidos
Das pessoas.

No fim, a experiência
Nos faz ver melhor
As escolhas já corridas
Desbotadas, jamais revividas.

Formulamos teorias
Para buscar o que nos aviva
Mas elas fazem recorrente
Que vejamos pedra em diamante

Hoje vejo como é raro
Os afetos coincidirem.
E com pesar percebo
Os almejos perdidos.

Mas tais vivências
Desmedidas e aceitas
Não trazem tristeza
Muito menos alegria
Fazem brotar em mim
Uma louca vontade de ir à vida
Mais sabida e ciente do que cabe em mim.

terça-feira, 25 de agosto de 2009

Descubro-te

Não espero
E você perto
Chega junto.
Espanto-me
E recuo.
Você surpreende
Encanta-me
Prende-me.
Dou atenção
Expande-se
Inibo-me.
Faz-se ombro
Aconchego-me
Vou e confio.
Faz presença
Faz lugar
Não esqueço.
Percebo-te
Analisa-me
Corteja-me.
Descubro-te
Entro em ebulição
Vou irradiando
Meu coração.

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Ironias

Encontrei ele entregue
Olhos inchados encharcados
Cantarolando canções de perda
Na mão, a décima garrafa
De uma bebida qualquer
Apreenção e preocupação
Meu coração tocou

Não via aquele amigo
Alegre sedutor
Que com olhar somente
Qualquer mulher despia
Colecionava amantes
E fazia piada do amor

Aquele que sempre me dizia
Quando eu chorava a dor de amar:
-Mulher é bicho burro
-Quer romance, historinha
-Mais uma mentira pra se enganar
-Não se engane
-Que homem não nasceu pra amar
-Quer prazer, é sua natureza
-Não se pode negar

Trêbado, jogado ao solo
Não conseguia os olhos levantar
Lamentava a partida
De sua querida pequena
Depois dela lhe negar
Seus comoventes apelos
Para com ele se casar

Foi estranho ver o pranto
Do homem que me fez acreditar
Que amor masculino inexistia.
Se não fosse dor sincera
O lembraria de quem era.
Mas me compadeci
E me limitei a consolá-lo

E disse logo, pra ele acalmar:
-Liga não.
-É assim mesmo.
-Mulher só quer
-Um homem pra explorar.
-O que mais delas se pode esperar?

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Pesar

Almas leves existem
às custas das que carregam o mundo
As que carregam o mundo
Às custa das leves.
Não há como pesar
Não há matéria.
Mas há pesar
Que não se vê
Que não se toca
Feito da alma
Feita de feitos
E Efeitos
Únicas
Mas semelhantes
Almas

Não cabe

Ávida vida que não sei como levar
nem combinar meu eu.
Meu eu não cabe na minha vida.
Minha vida não cabe no meu eu.
Entendimento é o que me resta pra tentar
conciliar minha vida e o eu meu.

sábado, 15 de agosto de 2009

Faz sentido?

Queria na neve me bronzear
Me hidratar com água do mar
Me sufocar com oxigênio
Escorregar nas pedras sem limo
Segurar a água da torneira
Colher banana da palmeira
Fazer um colar com gotas de orvalho
Esculpir uma esfinge num grão de aréia
Fazer um livro do silêncio e do vazio
Procurar a paz na inquietude
Encontrar a ponta da esfera
Será que isso faz algum sentido?
Será isso sentido?

Matéria de mim

Não sou Deusa
Mas infinito
Habita em mim
Não venho só do barro
Venho do ferro
Do aço
Do pó.
Tenho em mim
O sal
O azedo
O doce
O acre.
Vou do gêlo
Ao vapor
Me derreto
Me condenso
Escorro ao solo
Pra depois ao céu chegar
E como chuva voltar.
Meu estado
Se funde
Se confunde
Se reparte
E como imã
Da mesma forma
Não dá pra emendar.

Passo atado

Aceito o que sinto
Não mais minto.
Esse sentimento
Revira minhas entranhas
De forma estranha.
O primeiro passo
Para esquecer-te foi dado
Aceito este fato
Meu amor platônio
Não idealizado
Sei que você não é perfeito
E não há problema em teus defeitos.
Meu sentimento contraria as pessoas
Mas não são elas que importam
Imagino que também não saiba
Se fosses livres
Eu também livre
Encontraria a ti sem nem pensar
Mas não és
E isto não consigo ignorar.
Lançei a rede
Pra outro amor encontrar
Pois como dizem
É só com um novo
Que se pode superar
Mas o que realmente queria
Era te encontrar.

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Me intrigam

Regras de conduta me entrigam
Será o abraço sincero ou devido
Será o bom dia realmente correspondido
E a simpatia, é meramente política
E toda sua dor é sentida
Ou mera rima de amor
Me intrigam
Estou aprendendo a rir
Ao perceber mais um
Que só sabe seguir
O esgotado roteiro.
O "todo mundo faz"
Não é parâmetro pra mim
Vejo as minhas escolhas
Além do recomendável
Não é o proibido ou liberado
Que guiam meu agir
Mas com certeza
O Coração e a ponderação.

Amigos de longa data

Nos encontramos e nos falamos
E nos lembramos dos bons momentos
Dos tempos da adolescência
Da familia que formavamos
Entre estudos descobertas
Das fugas das aulas
As idas ao cinema
Dos planos pros vinte anos
Faculdade, carreira, casa
Sem falar nos filhos
Da empresa antes dos trinta
Do otimismo no futuro
Também dos micos coletivos
Do grito agúdo em meio a rodovia
Na sáida da escola para shopping
Das danças com coreografias
Mal aprendidas
Das esquetes feitas no turno da noite
Dos trabalhos executados sem competição
E repleto de cooperação
Das brigas memoráveis
Das reconciliações sinceras
Dos professores figuras.
A saudade era compartilhada por todos
Bom precisamos nos rever
Que tal um programa, pode ser.
Então quando?
Cursos, compromissos, trabalhos
Distância, família, é assim.
Foi muito bom os rever
Até mais, agente se vê.

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Antes que você diga...

"Antes que você diga que me ama, que faça desse amor um novo drama, saiba que eu não te amo, mas quando me falta alguém é você que eu chamo".

Leandro Cesaroni

Twitter: http://twitter.com/leandrocesaroni
Blog:http://menteinfluente.blogspot.com/

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Lágrimas

Brotam do fundo
Da dor
Turvam a visão
Transbordam
E quentes
Rolam pelas linhas de expressão.
Silenciosas
São as que mais causam dor
Limpam o coração
E em demasia
Limpa até a cor
E o desbota
E do rosto
Apagam lentamente
Os traços de qualquer sorriso.
Chega um dia que partem
Esgotam e secam
E extinguem as emoções.

Se foi

Ele se foi.
Por ser certo.
Ele se foi
E ficou
O vazio.
Estou com 80 anos.
Tendo apenas 25.

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Frases soltas de um poeta

Ouvi a discografia de Renato Russo
Algumas frases ficaram latejando em meu coração:

...É só o amor que conhece o que é verdade...
...É preciso amar as pessoas como se não houvesse amanhã...
...É sempre mais do mesmo...
...confie em si mesmo...
...Quem tem mais do que precisa ter sempre se convense que não tem o bastante e fala demais por não ter nada a dizer...
...Não sou escravo de ninguem, ninguém é senhor do meu domínio...
... se a via-crúcis virou circo, estou aqui...
...A cada hora que passa envelhecemos dez semanas...
e mais uma vez:
...Se você quizer alguém em quem confiar. Confie em si mesmo...
....Quando o sol bater na janela do seu quarto, lembra e vê que o caminho é um só...
...Sem amor, eu nada seria...

O real que nos consola

È tão bom sentir o vento
Quem me dera ser passarinho
É tão bom ver um coração sincero e bondoso
Quem me dera que todo o poder fosse dado a eles
É tão bom ser segurada por uma mão amiga
Quem me dera se falsidade fosse extinta
É tão bom perceber o respeito mútuo
Quem me dera se as pessoas se respeitassem mesmo se odiando
É tão bom amar alguém mesmo sendo um amor impossível
Quem me dera que todos compreendessem que amar não é possuir
É tão bom quando sim é sim e não é não
Quem me dera se as pessoas dissessem o que realmente querem dizer
Há tanta coisa boa na vida e é tão injusto quando as pessoas mesquinhas
Querem impedir que as pessoas sejam felizes da forma que querem
A vida é tão simples, mas as pessoas complicam
Hoje a lua tá tão bonita o vento tão carinhoso
As vezes os problemas transcendem
e vem esse sentimento não sei bem de onde
Mas é real e me consola.

domingo, 26 de julho de 2009

Viajar

Quero viajar
Por onde não pode me levar
Quero viajar
Descobrir sua ternura
Quero viajar
Passear além de teus dedos
Quero viajar
Desafiar seu raciocínio
Quero viajar
Contrariar seus desígnios
Quero viajar
Mergulhar no seu olhar
Quero viajar
Mas tenho que migrar
Devo
Me obriga
Mesmo oferecendo abrigo

Repetitiva

Previsível
Repetitiva
Tédio
Cíclica
Quando romperei o ciclo?

Se tenho interesse

Interesse
Se tenho interesse?
O guardo no fundo da gaveta
O que me move?
Paixão, com certeza
Desanimada é certa
Mas paixão
É relíquia perdida no porão
Escondida pela razão
Algumas ficam a porta
Esperando a vez
Mas interesse
É substantivo atribuído
Unicamente por você
Interesse?
Vê se pode...
A única questão a ser feita?
Guardem os seus cobres
Pois terão tudo
Menos coração
O meu.

Reserva

Diante da tragédia das emoções
Parada estática gélida
Fito
Analiso o queijo e a ratoeira
Servidos diante de deserto
Eu rata de esgoto de cidade devastada
Vejo o desejo e o tormento
Me estendendo a mão
O juízo possessivo me abraça
A experiência se assoberba
Me prende pelos braços
E me preservo
Doloridamente fitando o queijo
Me preservo
No infinito deserto
Seco
Úmido
Dos olhos
Sem gosto do queijo
Por causa da sombra
Do veneno
Ignorando a certeza do deserto
Me preservo?
Sigo
Sem bússula e mapa
Presa a promessa de um oasis.

sexta-feira, 10 de julho de 2009

Até que ponto?

Busco um rumo certo
Busco um caminho onde eu me descubra
Um lugar que eu possa realmente ser esta descoberta
Mesmo que o achado seja o sempre existente não percebido
Busco uma medida entre sonho e realidade
Uma medida entre justiça e perdão
Uma medida entre paz e a guerra
Uma medida entre a liberdade e a prudência
Uma dose certa de auto-estima e humildade
A medida entre a companhia e solidão
O ponto certo entre todas estas coisas que me faça feliz
Ao menos plena, realizada ou segura
Mas toda medida requer experimentos
E até que ponto devemos mergulhar
À procura do que nos realiza?
Até que ponto devemos nos entregar a raiva,
Se podemos nos perder nos seus devaneios?
Até que ponto devemos compreender os demais,
Se não ponderam nem avaliam os jungamentos que tem de nós?
Até que ponto sermos fiel a um amor que nos fere?
Até que ponto devemos evitar a revolta, se a vida só é injusta,
E as pessoas se aproveitam da sua compreensão para te massacrar?
Pórem até que ponto deve irromper a ira a fim de que não nos tornemos fel,
A fim de que não percamos o amor que há dentro de nós?
Até que ponto devemos sair do equilíbrio da nossa alma,
Sem perdemos o caminho de volta?
Até que ponto devemos ouvir as críticas?
Até que ponto devemos viver a realidade?
Até que ponto devemos perder a vida que temos possível em busca de insólitos sonhos?
Até que ponto?
Até que ponto devemos aceitar uma realidade que nós é imposta?
Até que ponto?!
Até que ponto devemos nos cobrar?
Se todo mundo parece que não mede os próprios atos?
Até que ponto devemos a felicidades que nós completa?
Até que ponto devemos seder os enlatados de felicidade que nos são impostas
e que não nos completa?
Até que ponto ser justa quando estamos lidando com pessoas injustas?
Até que ponto?
DEUS! até que ponto...
E nessa procura, até que ponto podemos ser nós mesmos?

domingo, 28 de junho de 2009

O poder que desconhece em ti

Não sabes o poder de teu sorriso
Não tens idéia do efeito que tens sobre mim
Não falo dos teus constantes sorrisos irônicos
Dos teus reprovativos sorrisos de deboche
Não falo também dos teus sorrisos maliciosos
Quando percebes o vacilo dos demais
Nem dos seus sorrisos que encobrem a sua ira
Não falo do seu sorriso vaidoso quando acerta
Falo daquele que poucas vezes compartilha
Aquele que vem da alma espontâneo
O sorriso que resgata o menino há tempos esquecido
Aquele que brota de teu rosto de homem
Que traz mais força que seu olhar de guerra
Aquele sorriso que não tens medida
Nem controle, e surge apenas pelo coração
Que não vem quando calculas
Não sabes o poder que este sorriso tem
Talvez seja sua aguçada sagacidade que o intimida
Mas este seu sorriso me aviva
Não sei por que, nem vou procurar entender
Pode ser que eu ache a resposta, é melhor que nem saiba
Só sei que se cultivasses esse sorriso ganharias o mundo
Mas não tens idéia do poder de teu sorriso
E do que ele desperta em mim e nos demais
Muito menos que eu os coleciono
Não sabes o poder de teu sorriso.

segunda-feira, 22 de junho de 2009

À procura de sorrisos

Em meio a olhares perdidos
De músculos cansados
De corpos séquitos por descanso
Depois de uma larga jornada de trabalho
Com olhares distantes contidos
Transportados sozinhos e aglomerados
Um olhar risonho se destacava
Uma menina no colo de sua mãe
Desafiava os olhares sérios à sua volta
Como numa brincadeira
Ela se munia de um sorriso
E o lançava a pessoa que a olhava
E só se contentava quando vencia
A rigidez do olhar e lhes sorriam
E quando conseguia, no colo se escondia
Alí percebia o poder de um sorriso
E logo voltava a olhar outro vizinho sisudo
Com um sorriso que parecia uma prece
Para quebrar a tristeza que a circunscrevia
Que logo amolecia o olhar de quem a via
E todos lhe retribuíram o sorriso
Foi então que a sua mãe se deu conta
Da brincadeira que filha fazia
E com um sorriso e um beijo a retribuiu
A menina naquele dia percebia
Como um sorriso trazia de volta
Os sorrisos perdidos dos demais.

quinta-feira, 11 de junho de 2009

Dias...

Dias nublados fazem parte da vida
E sempre me ponho a escrever sobre eles
Os de sol, tão ansiados
Prefiro apenas vivê-los

sexta-feira, 5 de junho de 2009

Mais outra data

Se aproxima outra data tida especial
Mais uma data comercial
Como todas as outras
Só me sevem para ressaltar
O que não tenho e o que me falta
E essa vai ser mais difícil
Pois tudo está perfeito
Lua Cheia
Tempo frio...
Só não condiz
Com essa ausência.
Outra data...
Todo ano
Quando será que vai mudar?
Mais outra data...
Prefiro cada vez mais
As datas cívicas
Inventadas ou não
Pelo menos são coletivas.
Oh fardo!
Mais outra data.
Ao menos muitos ficam felizes.

segunda-feira, 25 de maio de 2009

Está aqui em mim

Vi algo que tocou meu afeto
Algo inesperado singelo e belo
Mas não tinha papel ou teclas
Que pudesse expressar o que sentia
Estava no ônibus saculejando em pé
Então passei a viagem imaginando
Como escreveria, em prosa ou verso
Imaginei o título e as palavras
Que eu ia dispor no escrito
Desci anciosa do coletivo
E fui apresada ignorando os conhecidos
Cheguei em casa e sentei no computador
Mas as palavras não fluiam
Problemas, afazeres, trabalhos e entes
Disputavam minha mente
Foi uma disputa desigual
E logo desliguei o PC
Mas a poesia está aqui em mim
Aquele sentido ainda está aqui
Suplicando para sair, pra nascer
Mas toda vez que pego o papel
As palavras fogem, mas estão aqui
Coração, mente e memória
Não posso deixá-la partir
Sem ao menos existir fora de mim
Ela não pode morrer
Pois será uma parte de meus sentidos
e de mim
Que secará.

terça-feira, 19 de maio de 2009

Previsão de tempo



Contrariando as variações climáticas do ano de 2008, o ano de 2009 começou com o céu encoberto por nuvens espessas fazendo com que os dias sejam monótonos sem a luz vibrante do sol. A queda na temperatura faz com que a presença de neblina dificulte a visibilidade do horizonte. Viagens só são possíveis com a ajuda de aparelhos de navegação. Essa massa de ar continua estacionada contrariando previsões feitas por especialistas, indicando que mudanças no tempo não aconteceram tão cedo. Esta situação jamais vista desde o advento da meteorologia assustam especialistas que procuram entender essa mudança climática tão brusca. Os cientistas procuram explicação para o fenômeno, mas apenas o que conseguem mostrar é que por mais que tentemos, há situações em que simplesmente não podemos controlar, prever, entender, ou mesmo explicar, nos restando apenas assistir ao que acontece, diante de uma completa incerteza do que virá depois. Resta-nos apenas esperar, seguindo algum caminho, se prendendo na esperança de que o tempo possa o quanto antes mudar, e possamos novamente ter o sol e o horizonte ao alcance da visão.

sexta-feira, 8 de maio de 2009

O medo e o “se”

Seus olhos capturam os meus
E disto de tudo
E sou tomada pelo se

E se não der certo?
E se não gostar?
E se eu sofrer?
E se eu me enganar?
E se for usar?
E se for passatempo?
E se eu não gostar?
E se for desprezada?

Se...

Mas se der certo?
E se for recíproco?
E se combinar?
E se nos completarmos?
E se for agradável?
E se for bom?
E se for durar?
E se for intenso?
E se nos confortarmos?
E se for de pele?
E se eu for feliz?
E se for sublime?

Seus olhos me encontram

E se eu estiver viajando?
E se eu for uma idiota?

Desvio o olhar
Mas não desvio o afeto
Não dá pra evitar.

quinta-feira, 7 de maio de 2009

Lê saudade

Saudade...
Saudade...
De sorrir pra tela do computador
Da ansiedade boa antes de abrir o e-mail
De ler e escutar o que foi grafado
Saudade...
Saudade...
De jogar conversa fora
De compartilhar idéias
Da presença não presente
Saudade...
Saudade...
Das palavras que me abriam os horizontes
Da vida que parecia mais ampla e menos lúgubre
Da proximidade ainda que distante
Saudade...
Saudade...
Da espera pelas palavras fraternas
Da afeição
Da agradável conexão.

Mas jaz.
E o que resta?
Saudade...
Saudade.
Ahh saudade!

segunda-feira, 27 de abril de 2009

Luminar do breu

Fitava a luz com tamanha angústia
A fim de sair de um estado de escuridão
Que não percebia nada ao meu redor
Não que não quisesse, ah como eu queria
Esse era o que me motivava a buscar iluminação
Mas também não via o que havia nela
E paradoxalmente, ela só tornava mais escuro
Todas as coisas que me rodeavam
Porque teimava em olhar em sua direção
Então um dia fui tomada pela escuridão que fugia
E não conseguia mais fitar a luz que eu seguia
Abri os olhos e o breu tomava conta
Esfregava os olhos a fim de que enxergasse algo
Mas a cada piscar só a sombra daquela luz
Aparecia em minhas vistas como fantasma
E exausta me pus sobre o solo
Vencida e resignada não quis mais abrir os olhos
E nesse momento sons jamais percebidos
Passaram a ser conhecidos por meus ouvidos
Foi quando apreensiva abri os olhos
De costas para a luz, aos poucos passei a ver
Formas jamais vistas antes de minha busca incessante
O breu foi aos pouco se revelando
E a luz que tanto buscava refletia nas coisas
Que a penumbra seus contornos ressaltavam
Impressionada e um tanto deslumbrada
Fui me distanciando daquela forte luz
Foi quando me deparei emocionada
Com a mais bela visão que me tomava
Lá estavam elas... cintilantes cravejavam o breu
Foi a primeira vez que vi estrelas. Então sorri.

quarta-feira, 22 de abril de 2009

Descobrimento do Brasil

Dia do Descobrimento?
Dia do encobrimento
Dos encontros e desencontros
Da disputa pela conjugação
Em Brasil suprimindo brasis.
Contudo, a flexão é gerúndio
Não é particípio.
Tem muito futuro e passado
Que ainda há de vir.

Sobressaltos

Às vezes me pergunto
Me assusto com o mundo
As coisas sempre parecem
Que permanecem
Por serem compreendidas.
E me incomodo com a dúvida
Sobre algo aparente tão obvio
Então as guardo e sigo a vida
Procurando apreender explicação
As vou acumulando e vivo.
Meus olhos se tornam faro
Curiosos e contemplativos
Mas parece que o encontro
Da resposta que sacia
Se distância e se dissipa
Em outras mais inquietações
Que sempre parecem tão sabidas
Aos que calmos seguem a vida.
Às vezes como que susto
Surge uma presunção
E logo busco verificação
Confiando a outro a inquietação
Mas sempre como resposta
Recebo a pergunta como conclusão.
Às vezes me pergunto
E apenas vejo o mundo
Muitos são interrogação
A maioria, da pergunta
Não tem a mínima noção
E nenhum tem absoluta solução.
Às vezes me pergunto
E vou a lugar nenhum
Mas ao menos indo vou.

segunda-feira, 13 de abril de 2009

Ilusão

Há quem diga que ela cause dor
Há quem faça dela uma declaração de amor
Há quem dedique a vida para dela se livrar
Há quem veja ela como condição pra se alegrar
Há quem ao percebê-la deseje sucumbir
Há quem só viva se dela puder se nutrir

Mas esse jogo de opostas sensações
Que ela acomete a tantos corações
Tem o agrado ou desgosto condicionado
Ao valor oposto que a ela esteja relacionado
Ou então a forma como surge para gente
Como logro que corrompe ou ideal que nos faz crente

Aos que primam pela verdade
Ela é sinônimo de infelicidade
Aos que a realidade tornou calejados
Ela é como conforto que os deixam aliviados
Aos que defendem a liberdade de escolha
Ela é como desvio que a opção atrapalha

Eu só sei que só existo do que é real
E mesmo uma ilusão ao concreto é leal
E é por isso que o mais difícil é a desilusão
E a conclusão do que era buscado virar decepção
Logo se for grande a sedução de ser vivida
Que seja antes de tudo consciente e reconhecida.

Intransitivo

Pensar em ti
Virou costume
Que segue rente
Em meu agir

E nem o fato
De nunca ser caso
Provoca dano
Ao meu humor

Pois a sensação
E essa emoção
Enche o coração
E alivia a solidão.

quarta-feira, 8 de abril de 2009

Mágoa de quem ama

O que as palavras dizem:
Você pôs tudo a perder
Se amor só existia para mim
Porque tinhas que outra procurar
Quero que nada digas
Não tem perdão o que fizeste
Não me procures mais
Apague meu número da sua lista
Esqueça que eu existo
Pois você para mim morreu.

O que os sentidos dizem:
Porque me magoaste?
Dê um tempo para mim
Por enquanto não me ligue
Deixe essa ferida cicatrizar
E se ainda me amar
Se o arrependimento
Se fizer presente em ti
E dúvida não mais existir
Não deixe de me procurar
O amo, e perdão irei te dar.

domingo, 5 de abril de 2009

Vivemos em tempos

Vivemos em tempos de crise
Um colapso não de escassez
Mas de esgotamento da palavra
E instrumentalização de sonhos.

Vivemos em tempos de violência
Sem direção nem sentido
Gratuita, ou por um troco qualquer
De varejo generalizado.

Vivemos em tempos sem paixões
De ideologias esfaceladas
Pelos excessos de gerações de outrora
Que imprimiu descrença às de agora.

Vivemos em tempos de descrédito
Nos quais impera a indiferença
Que generaliza como via de escape
O humor por meio do sarcasmo.

Vivemos em tempos de anseios
Por algo novo que nos libere
Mas surge inquietante uma questão
No que resultará essa exaurida geração?

sexta-feira, 3 de abril de 2009

Não fiz...

Hoje não
Não fiz poesia.

Tirei o dia
Pra suspirar.

Tirei o dia
Pra ver o mar
E suspirar.

Tirei o dia
Pra sentir a brisa
Ver o mar
E suspirar.

Tirei o dia
Pra libertar o pé na areia
Sentir a brisa
Ver o mar
E suspirar.

Tirei o dia
Pra sentir cheiro de maresia
Libertar o pé na areia
Sentir a brisa
Ver o mar
E suspirar.

Tirei o dia
Pra ouvir o som das ondas
Sentir cheiro de maresia
Libertar o pé na areia
Sentir a brisa
Ver o mar
E suspirar.

Tirei o dia
Pra me perder em pensamentos
Ouvir o som das ondas
Sentir cheiro de maresia
Libertar o pé na areia
Sentir a brisa
Ver o mar
E suspirar.

Tirei o dia
Pra suspirar
Ver o mar
Libertar o pé na areia
Sentir cheiro de maresia
Ouvir o som das ondas
Perder-me em pensamentos.
Hoje não
Não fiz poesia...

sábado, 28 de março de 2009

Miragens em bytes

Olho para a retangular janela
Que reflete uma imensidão de botões
Palavras e copiadas informações
Liga-me a tudo, mas de você nada revela

O imediatismo do controle
Domina o costume e o agir
Faz-nos imaginar mais que refletir
E as ações moldam-se nos limites do console

Atuação que nos faz inertes
Nossos espaços de tempo faz preencher
Oferecendo ilusões para o coração entreter

Sob vigilância da razão, que procura nos tornar cientes
Que aparências do bem o mal podem esconder,
Interajo com você, ainda que seu olhar eu não possa ver

quinta-feira, 26 de março de 2009

Encontro desencontrado

Não entendo sua cara fechada quando me vê.
Poderia ao menos ser educada e um cumprimento me ceder.
Não sei o motivo desse desprezo, tudo eu fiz por seu bem-querer.
Vou na direção dela, afinal, com ela falta nenhuma tive.

(...)

Não acredito que esteja aqui, não vou conseguir ele encarar
Poderia ser ele um grande chato, e risco não teria de me apaixonar
Não posso esse querer alimentar, ele tem alguém, e isso tem que parar
Vou cumprimentá-lo e depois partir para não ver meu senso desmoronar

-Olá como vai você? (ah, esse olhar...)
-Bem, e você? (melhor sem mim, já percebi)
-Com muito trabalho e com pressa. (agora, tempo me sobra!)
-Olha o estresse! Relaxa! (vi um sorriso enfim)
-Falo sério, não posso demorar (é outra coisa... não queira saber)
-Nem um café? Eu te acompanho e na cafeteria a gente passa. (seja diplomática!)
-Obrigada! Mas não posso, estou atrasada. (na verdade arrasada)
- Então não vou insistir, Tchau! (nossa! quão seca!)
- Tchau! (que maria-mole sou!)

terça-feira, 24 de março de 2009

Inexplicável atração



Sou noite
E ele é dia

Eu pernoito
Ele irradia

Inconstante
Como lua sou.

Reluzente
É ele como sol.

Meio gauche
Não me mostro, omito.

Exuberante é o jeito
Com que ele se exibe.

Mistério sempre carrego
No semblante sério.

Com um contagiante sorriso
Ele sempre contrasta comigo.

Mas mesmo assim
Quando juntos enfim
A gente aurora
E se ama ao entardecer.

domingo, 22 de março de 2009

Um grande achado

Em uma tarde fastidiosa mechendo em alguns papeis velhos reencontro uns versos escritos a caneta em um papel decorado perdido entre contas, documentos e outros papeis burocráticos.
Eles diziam assim:
........
Se o amor pudesse de repente compreender
Toda loucura que um amor pode conter
Se ele pudesse, num momento de razão
Saber ao menos quanto dói uma paixão
Quem sabe o amor, ao descobrir a dor de amar
Partisse embora para nunca mais voltar
Mas me parece que uma prece ia nascer
Na voz daqueles que o amor mais fez sofrer
A lhe dizer que vale mais morrer de dor
Do que viver num paraíso sem amor.
(Vinicius de Moraes)
.......
No canto do papel um coração de menina desenhado e todo enfeitado com o nome do pretenso namorado. Me surpreendeu inusitado achado. Lembranças chegaram e se colocaram diante de mim apresentando a inocência de menina, que achava que sabia o que realmente aquelas palavras diziam. E ainda, que sabia o que era o amor. Talvez soubesse...
Procurava naquela caixa uma perdida certidão, mas achei mesmo foi uma mensagem que puder ler atravez do sentido do autor e daquela menina, que me certificava do que eu realmente procuro, mas que as pedras do dia-a-dia me dizem pra esquecer.

quinta-feira, 19 de março de 2009

Janelas cariocas

Da janela da cobertura
Ao longe vejo indignada
Sobre os morros avançar
Essas repugnantes habitações
Onde se entocam os mais deprimentes seres
Vadios, criminosos, desumanos
Protegidos por incapazes ignorantes
Que sem ocupação e dignidade
De dia invadem o asfalto para a vida nos atentar
E as ruas com sua mendicância enfeiar.
Mas logo isso há de acabar
Pois na Barra irei morar
E com essas paisagens
Meu horizonte não precisarei mais compartilhar.

Da janela do conjugado vejo
Inúmeras outras janelas
Dos apartamentos de anônimos
Que de vez em quando me ponho a observar.
Os idosos com semblantes nostálgicos
Tentam me cumprimentar
Respondo o aceno e desvio o olhar
E lá está a me mostrar o dedo
O adolescente sem juízo
Que logo começa a me xingar
Respondo da mesma forma o aceno
E me ponho a outra janela olhar
Então percebo que o tarado do 800
Novamente a vizinha tenta espiar
Ele se esquiva com o barulho que ouve
Ao lado, as crianças pela janela
O gato tentam do prédio lançar.
Já me cansei e pro meu pc eu vou retornar
Que mais tarde eu irei ao shopping
Pra depois no bar as minhas mágoas afogar.

Da janela do barraco
Vejo ao horizonte os edifícios
Repletos de bacanas,
Alguns doutores e letrados.
Que tão soberbos de sua suposta inteligência
Parecem ignorar nossa humanidade
Apesar de constantemente
Insistirem em afirmar
A necessidade de políticas de inclusão
Mas o que se vê realizar
São mais vagas pros seus filhos ocuparem
E incluem mais um ente ou um dependente
Nas folhas de pagamento do governo
Enquanto meu contra-cheque procura me gritar
Que este mês a faculdade do filho
Não vai dar pra ajudar a pagar.
Mas esticando o pescoço posso avistar
Um pedaço do mar que parece indicar
Que esse momento difícil há de passar
Mas agora a janela vou ter que fechar
Que o tiroteio começou a rolar.
Até quando polícia e traficante nos hão de perturbar?

Da janela do trem
Vejo as mesmas paisagens todos os dias
Das construções que as costas dão
A esta condução que de longe traz
Centenas de mulheres e homens sãos
Que se espremem sufocados no vagão
E se desprendem para onde for
Contanto que possível seja batalhar o pão
E quem sabe um dia
Um maior conforto conquistar
Para prover os filhos e o lar.

Da janela do ônibus
Vejo as ruas e os estabelecimentos
Passarem como uma projeção repetida
Preocupada com o motorista
Que desvairado corre na pista.
À frente observo um passageiro suspeito
Que avalia nervoso a todos os demais.
Se a mão na cintura ele colocar
Juro que desço em qualquer lugar
Mês passado meu pagamento levaram
Neste, essa falta não vai da pra aturar.

Da janela do metrô
Vejo o reflexo do meu rosto
E o semblante dos demais passageiros
Que a escuridão do túnel ressalta.
Diversidades de tipos e estilos
Dividem por alguns minutos o mesmo espaço
Mudos, sisudos, absortos
Se esforçam para não encarar o olhar dos demais
Na janela que nenhuma paisagem tem pra mostrar.
Como num espelho volto a me olhar
E o reflexo apenas me indica
que no cabeleireiro sem falta vou ter que passar.

Da janela do carro
Vejo outros carros, motos e ônibus
Que seguem apressados
Irritado mais uma parada faço
Sinal vermelho, sinal de chatice
Mais uns moleques
A paciência me fazem gastar
E logo começo a gritar
Meu vidro não precisa lavar
Não adianta malabarismo fazer
Que a cola de vocês
Patrocínio meu é que não vai receber
Na escola é que vocês deveriam estar
Não me importa quem deveria lhes enviar
Eu é que não tenho que pagar o pato
Pois o meu imposto já está pago.

Roteiro da noite

Lá estava ela na noite
Na noite a dançar
Como que para continuar a existir
O mundo dependesse de seu alegrar

Cada movimento, cada gesto
Um a tentativa de lançar fora seu pesar
E por momentos fechava os olhos a esperar
Que a música cingisse seu desalento

Ao redor, rostos e sorrisos marcados
Alegrias aditivadas
Alívios transitórios
Encenações da felicidade

E sem esperar que nada acontecesse
Enfim, tornou-se parte do espetáculo
Ah doce estranho
Ele a tomou com seu olhar e a fez protagonista

Disseste seu nome ao seu ouvido
Mas não ouvia nada e só sentia a cena
A música calou
A multidão evaporou

Parecia que conhecia todos seus anseios
E dela os foi desprendendo
Conduzindo-a numa dança suspensa
Embalada por uma música que de seu ser fluía

Mas as cortinas se fecharam
O espetáculo chegava ao fim
A noite se retirava e dava sua vez ao dia
E o amanhecer todas as ilusões perdidas recolhia

Seus pés rigidamente tocaram o chão
A sombra da felicidade se esvanecia
Porém seu coração levemente sorria
Podia ser verdadeiro
Mas o medo a fez seguir
O seguro roteiro da noite
Que não permite amanhã verdadeiro


23/4/2005

Cores do mundo

Todas as cores do mundo
É o que quero em meu coração
Quero cores vibrantes
Que tragam alegria
Tons pastel que tragam
Tranqüilidade e serenidade
Até tons gris
Pois quero todas as cores da vida
Juntas em perfeita harmonia.

Desvelo ao irresoluto

Poucas letras são para homens
Por isso resolvi fazer uma para ti

Quando não me enganas és tão lindo
Sempre perto, mas não o bastante que quero

Pensando ser esperto, sente-se o cara
Mas já percebi suas artimanhas
Mas por amor não as vejo, e vejo

Você é amigo, mas queria que não fosse
Quero-o intensamente
Se for pra ser amiga que seja confidente
Se não que seja a namorada

Mas você parece que não quer e quer
Não quer e quer
Quer e não quer
E não sabe o que quer

E te querendo
Sigo esse percurso arriscado
Me expondo sem medo
Às armadilhas desse amor mal-acabado.

22/12/2006

quarta-feira, 18 de março de 2009

Contemplação de um beijo


Em um silencioso instante
Quase magnéticos
Os olhos se fitam

Rentes
Os afetos coincindem
A respiração ofegante,
E o pulsar do coração se confundem
...
Cálidos os lábios se encontram
E........!!!!!!................!!!!!!.............!
Com calor, a pele se consome.
E como clamor da alma,
Eis que mais um desejo se consuma.

A saga de um perfil no Orkut

Quem sou eu:
Eu sou...

Bem, é um pouco difícil definir meu ser em palavras, estas que sempre parecem estar contra mim. A tarefa se tornou difícil, pois sempre quando me defino, nunca acho que consigo transmitir o que sou. Foram várias as tentativas.
A primeira de todas foi a descrição convencional. Então comecei: eu sou amiga, sincera, legal... Essas coisas, sabe. Nem cheguei a publicar. Não são somente as qualidades que atribuo a mim que definem meu ser. Meus defeitos são tão parte de mim quanto minhas qualidades. Além disso, o convencional não me agrada.
Pensei então que tal questão deveria ter uma reflexão um pouco mais profunda para gerar uma definição que desse conta dos meus conflitos, meus defeitos e de minha visão frente ao mundo como mulher e ser humano. Logo tentei me definir mais completamente. Nessa nova iniciativa percebi que todas essas coisas mudaram com o tempo de acordo com as experiências que tive e com as pessoas que encontrei na vida. Compreendi assim que não poderia me definir tão completamente, pois percebi que fui, que estou sendo e que serei. Mas em meio à constatação dessa constante mudança notei alguns contornos que sempre me acompanharam, e que também via em meus pais, mesmo que não concordasse muito com a idéia. Tentei até mesmo enumerar minhas dificuldades, mas essa descrição ainda não parecia definir meu ser.
Pensei então que o que define as pessoas é a forma como elas percebem o mundo, as pessoas e os sentidos que dão a vida. A tarefa neste momento se tornou muito mais difícil, e me pus novamente a pensar. Assim vi uma simples definição se tornar gigantesca, pois além de pensar em meu ser, tinha que definir todas as coisas que considerava importante no mundo. Isso não poderia vir em prosa, mas em versos. Porém não sou poeta. Já disse que minha relação com as palavras não é muito harmônica. Então recorri a algumas autoridades. Escolhi escritores com os quais me identificava e os poemas e escritos que pareciam ter sidos feitos por encomenda minha.Abandonei então a descrição. Coloquei poemas e frases que faziam muito sentido para mim. Mas mesmo assim não fiquei satisfeita, pois cada dia que lia parecia que não condizia com a paisagem do meu ser. Então troquei varias vezes os textos, os quais, em sua maioria, falava de busca, aprendizado, amizade, visões.
Contudo continuava insatisfeita, pois também não era o suficiente para definir o meu ser, pois a arte permite múltiplas interpretações. Logo cada pessoa poderia me entender de forma diferente uma das outras.
Novamente me pus a pensar e voltei a questão inicial. Quem eu sou? Debrucei-me na essência da questão. Qual a sua finalidade?
Como que num estalo percebi enfim o que era óbvio. Isto é apenas uma vitrine na qual nos expomos. Aff!
Ah, então eu não deveria me definir, mas construir uma imagem minha preferencialmente positiva. Deveria utilizar para tanto algumas técnicas de marketing pessoal. Ver todos os atributos positivos que combinassem comigo.
Isso nem um pouco me agradou. Utilizar princípios mercadológicos, superficiais, nos quais a única finalidade é o convencimento, não me agradou. Nem cheguei a escrever. Acredito que as relações não devam ser construídas sobre lógicas tão mesquinhas, muito menos sobre ilusões. Agir da mesma forma dos que não te agradam é ser um deles.Mas então como demonstrar meu ser para as pessoas através de palavras?
Talvez seja melhor considerar as minhas ações. Não dizem que somos o que fazemos? Mas isso é simplificar demais, e simplificações provocam equívocos.
Que tal me julgar a partir dos que os outros pensam de mim? Pior ainda... Pois não importa como somos ou o que somos, tudo vai depender se gostam ou não de nós, se simpatizam ou se se identificam com a gente. Se uma pessoa não gosta de outra, não importa se não haja motivos, eles serão criados. Porém, quando uma pessoa se identifica com a outra, os defeitos, quando latentes, se tornam tempero ou mesmo adereço.Cansada já vi que tudo isso não serve de nada e pode até ser tomado como piada. E não proporciona conhecimento, no máximo autoconhecimento.
Depois de toda esta indagação me pus a rir de mim mesmo que ao buscar me definir não vi o que era simples.
Sou apenas Zewgma, não uma, mas a Zewgma. Também reconhecida pela imagem da foto que pus no perfil. Essa é a melhor definição que resume quem sou.
Depois desse trajeto todo poderia me definir como busca, mas todo ser humano é busca. Mesmo iludido de certezas e sem consciência disto.

13/2/2006

Traços


Folha em branco
Ausência, não vejo
Vazio, muito menos
A vida me lembra
Infinitas possibilidades

Não me contento
Faço alguns traços
Traços rasos
Traços finos
Traços rentes

Traço um sentido
Uma descoberta
Uma idéia
Um destino
Um caminho

Concebo uma gravura
Uma poesia
Um pensamento
Um protesto
Concebo o mundo

E quando completa
Reconheço uma dor
Um sorriso
Um carinho
Um olhar

Cria do ser
É uma parte de mim
Que se materializa
E em traços se faz parecer

Amor a despeito de tudo

Te amo...

Não pelo que você tem,
Não pelo que você faz,
Não pela roupa que você usa,
Não pelo que você consome.

Pois tudo dista do meu real
Estamos separados pela fronteira
Da nossa diversidade

Porém,

Te amo...

Apenas pelo seu ser
Não pelo seu humor, ou estado de espirito
Apenas por teu ser
A despeito de tudo
Apenas te amo.

Breve vida

A vida é urgente
A vida é um imperativo
Ávida
Ela não espera
Esvanece.

05/09/2008

Acordei um dia

Um dia acordei
E vi que o mundo era azul
E tudo era claro
E um sorriso pleno refletia no espelho

Um dia acordei
E o choro quando existia
Exauria a mágoa e a desilusão
E plantava o perdão

Um dia acordei
E o fardo já não existia
O olhar distante se extinguira
E a singeleza de viver engrandecia

Um dia acordei
E os olhares se encontravam
Não havia tábuas nos olhos
E todos se viam

E nesse único dia
Eis que o relógio tocou
A penúria tocou
A indiferença tocou
A hipocrisia tocou
A maledicência tocou
A prepotência tocou
A intolerância tocou
A injustiça tocou
O desamor tocou
A desesperança tocou
E voltei a dormir o sono cotidiano do real
5/12/2008

Si

Eu sou "em si"
Egocêntrica não da vaidade
Nem do convencimento
Mas da solidão
Sou somente eu... só

Estou aprisionada

Será recalque
Ou covardia
Não procuro as pessoas
Porque sei que não ficarão
E se vêem ao meu encontro
As recebo com indiferença
Porque sei que se decepcionarão
E logo logo partirão
E ficará o sofrimento e sofreguidão

Já não me ferem as pessoas que não amo ou que conheço
Porém qualquer opinião dos que amo ou admiro
Deixam marcas que dificilmente sumirão

Sou assim
Ou estou assim
E assim
Sigo sendo "em si"
"Em si" de solidão
5/12/2008

Impasse

Esperei o que não existia
E perdi o que tinha
Quão grande é minha confusão

Seguir os sentidos
Seguir a razão

Os sentidos se acusam
A razão não tem lógica

Sem amor eu nada seria
Mas para viver eu tenho que adquirir conhecimento

Ah, Quão difícil é o sentimento de atraso
Todos sempre estão a frente

Hoje fico neste paradoxo
Se foi, Foi melhor
Mas porque não sinto isto?

Ah, que vontade louca de gritar
Mas minto como sempre
E grito por dentro

Simplesmente seja

Não seja igual a todo mundo
Sempre pense por si mesmo
devemos valorizar o que pensamos
Nunca deixando de lado o respeito
E o amor pela vida.

O "todo mundo" muitas vezes é vazio
E não nos leva a lugar algum

Quando o "ser diferente" incomodar
Lembre-se que o que torna o diamante valioso
É sua força, rigidez
Sua raridade.

Subterfúgio

Não quero felicidade,
Quero alegria.
Não quero riqueza,
Quero sustento.
Não quero admiradores,
Quero amigos.
Não quero apoio,
quero força.

Século XXI

O fútil
É útil.
O útil
É inútil.
O inútil
É futil...