terça-feira, 6 de abril de 2010

Resistência

A memória, ou ilusória imagição
Faz constante que pense
que o que foi para você
seja para mim o que ainda há de vir
Vivo o que ainda não aconteceu
que ainda não se confirmou
que ainda há de vir
que ainda não se tornou nós
e desse modo conquistas
eternamente enquanto dure
um lugar cativo em mim
resistes

Visita

Depois do tempo longe que passei
Resolvi a sua morada visitar
Mas a vontade de encontra-lo
Cedeu lugar a um sentimento
Reconheço singular

Minha ausência estava impressa
em todas as paredes
que já não tinha as mesmas
Cores que via na memória

Todas as coisas no momento
estavam empilhadas no sótam
Parecendo que também
da mesma forma me teria

Mas ao voltar compredi
Quão importante
você era para mim
E o significado que exprimia
A ausência em sua morada
Era mais uma chance
De compor minha presença
No lar renovado seu.

Águas no Rio

As águas de março chegaram em abril
Chegaram afoitas, desmedidas
E de promessa de vida pareceu
Ameaçar vidas sem medida.

Chegou, estacionou e desabou
Parou a cidade, silenciou o caos
Mostrou sem distinção o lugar
Que o homem sempre ocupou
Na ainda desconhecida criação.