sábado, 28 de março de 2009

Miragens em bytes

Olho para a retangular janela
Que reflete uma imensidão de botões
Palavras e copiadas informações
Liga-me a tudo, mas de você nada revela

O imediatismo do controle
Domina o costume e o agir
Faz-nos imaginar mais que refletir
E as ações moldam-se nos limites do console

Atuação que nos faz inertes
Nossos espaços de tempo faz preencher
Oferecendo ilusões para o coração entreter

Sob vigilância da razão, que procura nos tornar cientes
Que aparências do bem o mal podem esconder,
Interajo com você, ainda que seu olhar eu não possa ver

quinta-feira, 26 de março de 2009

Encontro desencontrado

Não entendo sua cara fechada quando me vê.
Poderia ao menos ser educada e um cumprimento me ceder.
Não sei o motivo desse desprezo, tudo eu fiz por seu bem-querer.
Vou na direção dela, afinal, com ela falta nenhuma tive.

(...)

Não acredito que esteja aqui, não vou conseguir ele encarar
Poderia ser ele um grande chato, e risco não teria de me apaixonar
Não posso esse querer alimentar, ele tem alguém, e isso tem que parar
Vou cumprimentá-lo e depois partir para não ver meu senso desmoronar

-Olá como vai você? (ah, esse olhar...)
-Bem, e você? (melhor sem mim, já percebi)
-Com muito trabalho e com pressa. (agora, tempo me sobra!)
-Olha o estresse! Relaxa! (vi um sorriso enfim)
-Falo sério, não posso demorar (é outra coisa... não queira saber)
-Nem um café? Eu te acompanho e na cafeteria a gente passa. (seja diplomática!)
-Obrigada! Mas não posso, estou atrasada. (na verdade arrasada)
- Então não vou insistir, Tchau! (nossa! quão seca!)
- Tchau! (que maria-mole sou!)

terça-feira, 24 de março de 2009

Inexplicável atração



Sou noite
E ele é dia

Eu pernoito
Ele irradia

Inconstante
Como lua sou.

Reluzente
É ele como sol.

Meio gauche
Não me mostro, omito.

Exuberante é o jeito
Com que ele se exibe.

Mistério sempre carrego
No semblante sério.

Com um contagiante sorriso
Ele sempre contrasta comigo.

Mas mesmo assim
Quando juntos enfim
A gente aurora
E se ama ao entardecer.

domingo, 22 de março de 2009

Um grande achado

Em uma tarde fastidiosa mechendo em alguns papeis velhos reencontro uns versos escritos a caneta em um papel decorado perdido entre contas, documentos e outros papeis burocráticos.
Eles diziam assim:
........
Se o amor pudesse de repente compreender
Toda loucura que um amor pode conter
Se ele pudesse, num momento de razão
Saber ao menos quanto dói uma paixão
Quem sabe o amor, ao descobrir a dor de amar
Partisse embora para nunca mais voltar
Mas me parece que uma prece ia nascer
Na voz daqueles que o amor mais fez sofrer
A lhe dizer que vale mais morrer de dor
Do que viver num paraíso sem amor.
(Vinicius de Moraes)
.......
No canto do papel um coração de menina desenhado e todo enfeitado com o nome do pretenso namorado. Me surpreendeu inusitado achado. Lembranças chegaram e se colocaram diante de mim apresentando a inocência de menina, que achava que sabia o que realmente aquelas palavras diziam. E ainda, que sabia o que era o amor. Talvez soubesse...
Procurava naquela caixa uma perdida certidão, mas achei mesmo foi uma mensagem que puder ler atravez do sentido do autor e daquela menina, que me certificava do que eu realmente procuro, mas que as pedras do dia-a-dia me dizem pra esquecer.

quinta-feira, 19 de março de 2009

Janelas cariocas

Da janela da cobertura
Ao longe vejo indignada
Sobre os morros avançar
Essas repugnantes habitações
Onde se entocam os mais deprimentes seres
Vadios, criminosos, desumanos
Protegidos por incapazes ignorantes
Que sem ocupação e dignidade
De dia invadem o asfalto para a vida nos atentar
E as ruas com sua mendicância enfeiar.
Mas logo isso há de acabar
Pois na Barra irei morar
E com essas paisagens
Meu horizonte não precisarei mais compartilhar.

Da janela do conjugado vejo
Inúmeras outras janelas
Dos apartamentos de anônimos
Que de vez em quando me ponho a observar.
Os idosos com semblantes nostálgicos
Tentam me cumprimentar
Respondo o aceno e desvio o olhar
E lá está a me mostrar o dedo
O adolescente sem juízo
Que logo começa a me xingar
Respondo da mesma forma o aceno
E me ponho a outra janela olhar
Então percebo que o tarado do 800
Novamente a vizinha tenta espiar
Ele se esquiva com o barulho que ouve
Ao lado, as crianças pela janela
O gato tentam do prédio lançar.
Já me cansei e pro meu pc eu vou retornar
Que mais tarde eu irei ao shopping
Pra depois no bar as minhas mágoas afogar.

Da janela do barraco
Vejo ao horizonte os edifícios
Repletos de bacanas,
Alguns doutores e letrados.
Que tão soberbos de sua suposta inteligência
Parecem ignorar nossa humanidade
Apesar de constantemente
Insistirem em afirmar
A necessidade de políticas de inclusão
Mas o que se vê realizar
São mais vagas pros seus filhos ocuparem
E incluem mais um ente ou um dependente
Nas folhas de pagamento do governo
Enquanto meu contra-cheque procura me gritar
Que este mês a faculdade do filho
Não vai dar pra ajudar a pagar.
Mas esticando o pescoço posso avistar
Um pedaço do mar que parece indicar
Que esse momento difícil há de passar
Mas agora a janela vou ter que fechar
Que o tiroteio começou a rolar.
Até quando polícia e traficante nos hão de perturbar?

Da janela do trem
Vejo as mesmas paisagens todos os dias
Das construções que as costas dão
A esta condução que de longe traz
Centenas de mulheres e homens sãos
Que se espremem sufocados no vagão
E se desprendem para onde for
Contanto que possível seja batalhar o pão
E quem sabe um dia
Um maior conforto conquistar
Para prover os filhos e o lar.

Da janela do ônibus
Vejo as ruas e os estabelecimentos
Passarem como uma projeção repetida
Preocupada com o motorista
Que desvairado corre na pista.
À frente observo um passageiro suspeito
Que avalia nervoso a todos os demais.
Se a mão na cintura ele colocar
Juro que desço em qualquer lugar
Mês passado meu pagamento levaram
Neste, essa falta não vai da pra aturar.

Da janela do metrô
Vejo o reflexo do meu rosto
E o semblante dos demais passageiros
Que a escuridão do túnel ressalta.
Diversidades de tipos e estilos
Dividem por alguns minutos o mesmo espaço
Mudos, sisudos, absortos
Se esforçam para não encarar o olhar dos demais
Na janela que nenhuma paisagem tem pra mostrar.
Como num espelho volto a me olhar
E o reflexo apenas me indica
que no cabeleireiro sem falta vou ter que passar.

Da janela do carro
Vejo outros carros, motos e ônibus
Que seguem apressados
Irritado mais uma parada faço
Sinal vermelho, sinal de chatice
Mais uns moleques
A paciência me fazem gastar
E logo começo a gritar
Meu vidro não precisa lavar
Não adianta malabarismo fazer
Que a cola de vocês
Patrocínio meu é que não vai receber
Na escola é que vocês deveriam estar
Não me importa quem deveria lhes enviar
Eu é que não tenho que pagar o pato
Pois o meu imposto já está pago.

Roteiro da noite

Lá estava ela na noite
Na noite a dançar
Como que para continuar a existir
O mundo dependesse de seu alegrar

Cada movimento, cada gesto
Um a tentativa de lançar fora seu pesar
E por momentos fechava os olhos a esperar
Que a música cingisse seu desalento

Ao redor, rostos e sorrisos marcados
Alegrias aditivadas
Alívios transitórios
Encenações da felicidade

E sem esperar que nada acontecesse
Enfim, tornou-se parte do espetáculo
Ah doce estranho
Ele a tomou com seu olhar e a fez protagonista

Disseste seu nome ao seu ouvido
Mas não ouvia nada e só sentia a cena
A música calou
A multidão evaporou

Parecia que conhecia todos seus anseios
E dela os foi desprendendo
Conduzindo-a numa dança suspensa
Embalada por uma música que de seu ser fluía

Mas as cortinas se fecharam
O espetáculo chegava ao fim
A noite se retirava e dava sua vez ao dia
E o amanhecer todas as ilusões perdidas recolhia

Seus pés rigidamente tocaram o chão
A sombra da felicidade se esvanecia
Porém seu coração levemente sorria
Podia ser verdadeiro
Mas o medo a fez seguir
O seguro roteiro da noite
Que não permite amanhã verdadeiro


23/4/2005

Cores do mundo

Todas as cores do mundo
É o que quero em meu coração
Quero cores vibrantes
Que tragam alegria
Tons pastel que tragam
Tranqüilidade e serenidade
Até tons gris
Pois quero todas as cores da vida
Juntas em perfeita harmonia.

Desvelo ao irresoluto

Poucas letras são para homens
Por isso resolvi fazer uma para ti

Quando não me enganas és tão lindo
Sempre perto, mas não o bastante que quero

Pensando ser esperto, sente-se o cara
Mas já percebi suas artimanhas
Mas por amor não as vejo, e vejo

Você é amigo, mas queria que não fosse
Quero-o intensamente
Se for pra ser amiga que seja confidente
Se não que seja a namorada

Mas você parece que não quer e quer
Não quer e quer
Quer e não quer
E não sabe o que quer

E te querendo
Sigo esse percurso arriscado
Me expondo sem medo
Às armadilhas desse amor mal-acabado.

22/12/2006

quarta-feira, 18 de março de 2009

Contemplação de um beijo


Em um silencioso instante
Quase magnéticos
Os olhos se fitam

Rentes
Os afetos coincindem
A respiração ofegante,
E o pulsar do coração se confundem
...
Cálidos os lábios se encontram
E........!!!!!!................!!!!!!.............!
Com calor, a pele se consome.
E como clamor da alma,
Eis que mais um desejo se consuma.

A saga de um perfil no Orkut

Quem sou eu:
Eu sou...

Bem, é um pouco difícil definir meu ser em palavras, estas que sempre parecem estar contra mim. A tarefa se tornou difícil, pois sempre quando me defino, nunca acho que consigo transmitir o que sou. Foram várias as tentativas.
A primeira de todas foi a descrição convencional. Então comecei: eu sou amiga, sincera, legal... Essas coisas, sabe. Nem cheguei a publicar. Não são somente as qualidades que atribuo a mim que definem meu ser. Meus defeitos são tão parte de mim quanto minhas qualidades. Além disso, o convencional não me agrada.
Pensei então que tal questão deveria ter uma reflexão um pouco mais profunda para gerar uma definição que desse conta dos meus conflitos, meus defeitos e de minha visão frente ao mundo como mulher e ser humano. Logo tentei me definir mais completamente. Nessa nova iniciativa percebi que todas essas coisas mudaram com o tempo de acordo com as experiências que tive e com as pessoas que encontrei na vida. Compreendi assim que não poderia me definir tão completamente, pois percebi que fui, que estou sendo e que serei. Mas em meio à constatação dessa constante mudança notei alguns contornos que sempre me acompanharam, e que também via em meus pais, mesmo que não concordasse muito com a idéia. Tentei até mesmo enumerar minhas dificuldades, mas essa descrição ainda não parecia definir meu ser.
Pensei então que o que define as pessoas é a forma como elas percebem o mundo, as pessoas e os sentidos que dão a vida. A tarefa neste momento se tornou muito mais difícil, e me pus novamente a pensar. Assim vi uma simples definição se tornar gigantesca, pois além de pensar em meu ser, tinha que definir todas as coisas que considerava importante no mundo. Isso não poderia vir em prosa, mas em versos. Porém não sou poeta. Já disse que minha relação com as palavras não é muito harmônica. Então recorri a algumas autoridades. Escolhi escritores com os quais me identificava e os poemas e escritos que pareciam ter sidos feitos por encomenda minha.Abandonei então a descrição. Coloquei poemas e frases que faziam muito sentido para mim. Mas mesmo assim não fiquei satisfeita, pois cada dia que lia parecia que não condizia com a paisagem do meu ser. Então troquei varias vezes os textos, os quais, em sua maioria, falava de busca, aprendizado, amizade, visões.
Contudo continuava insatisfeita, pois também não era o suficiente para definir o meu ser, pois a arte permite múltiplas interpretações. Logo cada pessoa poderia me entender de forma diferente uma das outras.
Novamente me pus a pensar e voltei a questão inicial. Quem eu sou? Debrucei-me na essência da questão. Qual a sua finalidade?
Como que num estalo percebi enfim o que era óbvio. Isto é apenas uma vitrine na qual nos expomos. Aff!
Ah, então eu não deveria me definir, mas construir uma imagem minha preferencialmente positiva. Deveria utilizar para tanto algumas técnicas de marketing pessoal. Ver todos os atributos positivos que combinassem comigo.
Isso nem um pouco me agradou. Utilizar princípios mercadológicos, superficiais, nos quais a única finalidade é o convencimento, não me agradou. Nem cheguei a escrever. Acredito que as relações não devam ser construídas sobre lógicas tão mesquinhas, muito menos sobre ilusões. Agir da mesma forma dos que não te agradam é ser um deles.Mas então como demonstrar meu ser para as pessoas através de palavras?
Talvez seja melhor considerar as minhas ações. Não dizem que somos o que fazemos? Mas isso é simplificar demais, e simplificações provocam equívocos.
Que tal me julgar a partir dos que os outros pensam de mim? Pior ainda... Pois não importa como somos ou o que somos, tudo vai depender se gostam ou não de nós, se simpatizam ou se se identificam com a gente. Se uma pessoa não gosta de outra, não importa se não haja motivos, eles serão criados. Porém, quando uma pessoa se identifica com a outra, os defeitos, quando latentes, se tornam tempero ou mesmo adereço.Cansada já vi que tudo isso não serve de nada e pode até ser tomado como piada. E não proporciona conhecimento, no máximo autoconhecimento.
Depois de toda esta indagação me pus a rir de mim mesmo que ao buscar me definir não vi o que era simples.
Sou apenas Zewgma, não uma, mas a Zewgma. Também reconhecida pela imagem da foto que pus no perfil. Essa é a melhor definição que resume quem sou.
Depois desse trajeto todo poderia me definir como busca, mas todo ser humano é busca. Mesmo iludido de certezas e sem consciência disto.

13/2/2006

Traços


Folha em branco
Ausência, não vejo
Vazio, muito menos
A vida me lembra
Infinitas possibilidades

Não me contento
Faço alguns traços
Traços rasos
Traços finos
Traços rentes

Traço um sentido
Uma descoberta
Uma idéia
Um destino
Um caminho

Concebo uma gravura
Uma poesia
Um pensamento
Um protesto
Concebo o mundo

E quando completa
Reconheço uma dor
Um sorriso
Um carinho
Um olhar

Cria do ser
É uma parte de mim
Que se materializa
E em traços se faz parecer

Amor a despeito de tudo

Te amo...

Não pelo que você tem,
Não pelo que você faz,
Não pela roupa que você usa,
Não pelo que você consome.

Pois tudo dista do meu real
Estamos separados pela fronteira
Da nossa diversidade

Porém,

Te amo...

Apenas pelo seu ser
Não pelo seu humor, ou estado de espirito
Apenas por teu ser
A despeito de tudo
Apenas te amo.

Breve vida

A vida é urgente
A vida é um imperativo
Ávida
Ela não espera
Esvanece.

05/09/2008

Acordei um dia

Um dia acordei
E vi que o mundo era azul
E tudo era claro
E um sorriso pleno refletia no espelho

Um dia acordei
E o choro quando existia
Exauria a mágoa e a desilusão
E plantava o perdão

Um dia acordei
E o fardo já não existia
O olhar distante se extinguira
E a singeleza de viver engrandecia

Um dia acordei
E os olhares se encontravam
Não havia tábuas nos olhos
E todos se viam

E nesse único dia
Eis que o relógio tocou
A penúria tocou
A indiferença tocou
A hipocrisia tocou
A maledicência tocou
A prepotência tocou
A intolerância tocou
A injustiça tocou
O desamor tocou
A desesperança tocou
E voltei a dormir o sono cotidiano do real
5/12/2008

Si

Eu sou "em si"
Egocêntrica não da vaidade
Nem do convencimento
Mas da solidão
Sou somente eu... só

Estou aprisionada

Será recalque
Ou covardia
Não procuro as pessoas
Porque sei que não ficarão
E se vêem ao meu encontro
As recebo com indiferença
Porque sei que se decepcionarão
E logo logo partirão
E ficará o sofrimento e sofreguidão

Já não me ferem as pessoas que não amo ou que conheço
Porém qualquer opinião dos que amo ou admiro
Deixam marcas que dificilmente sumirão

Sou assim
Ou estou assim
E assim
Sigo sendo "em si"
"Em si" de solidão
5/12/2008

Impasse

Esperei o que não existia
E perdi o que tinha
Quão grande é minha confusão

Seguir os sentidos
Seguir a razão

Os sentidos se acusam
A razão não tem lógica

Sem amor eu nada seria
Mas para viver eu tenho que adquirir conhecimento

Ah, Quão difícil é o sentimento de atraso
Todos sempre estão a frente

Hoje fico neste paradoxo
Se foi, Foi melhor
Mas porque não sinto isto?

Ah, que vontade louca de gritar
Mas minto como sempre
E grito por dentro

Simplesmente seja

Não seja igual a todo mundo
Sempre pense por si mesmo
devemos valorizar o que pensamos
Nunca deixando de lado o respeito
E o amor pela vida.

O "todo mundo" muitas vezes é vazio
E não nos leva a lugar algum

Quando o "ser diferente" incomodar
Lembre-se que o que torna o diamante valioso
É sua força, rigidez
Sua raridade.

Subterfúgio

Não quero felicidade,
Quero alegria.
Não quero riqueza,
Quero sustento.
Não quero admiradores,
Quero amigos.
Não quero apoio,
quero força.

Século XXI

O fútil
É útil.
O útil
É inútil.
O inútil
É futil...