terça-feira, 17 de maio de 2011

Pensamento fuleiro

A experiência tem a resposta para o corriqueiro, contudo freia sempre a inovação.
A originalidade quase sempre brota de quem desconhece o corriqueiro.

Minutos de murmúrios.

Já ouvi dizer que amar é se amar menos que a outra pessoa. É sair um pouco de si, e a vários instantes colocar o objeto do amor como o centro do mundo. Mas é esta uma dentre várias formas de definir amar. Seja como for,  lembrei disso porque tenho que lembrar de muitas coisas que deixei de dar atenção, já que aceitei que não esquecerei o que era para deixar prá lá. É preciso sempre renascer, de um jeito ou de outro.

sexta-feira, 22 de abril de 2011

Poesia atual ou amor e felicidade consumo

A felicidade chegou
Em um par novo de sapatos
De design arrojado
Curvas fashions
Super descolado.
A revista seleta
Anunciou mês passado
Depois de duas semanas
Que o comprei
Ele estava anunciado
Naquele outdoor da Maré.
E eu estava feliz
Pois já tinha um par.
Passei com meus sapatos
Pelas ruas de pedras portuguesas
Meus sapatos que são chiques
Sem ser formal foram ao cinema
Nos meus pés
Sabia que encontraria quem o elogiasse
Não me aguentei em ir ao cinema
Cheguei radiante com meus sapatos.
Passei pelo susto de quase ter pisado
Na merda que algum mendigo
Tinha deixado pelas ruas.
Maldisse o autor de tal nojeira.
Mas meus sapatos estavam salvos.
Senti eles novamente
Felicidade os meus sapatos!
No cinema as coisas mudaram
Subitamente meus sapatos
Rombaram minha alegria.
Meu fascinio eram os do novo anúncio
Incompleta, precisava dos outros
Meu sorriso irradiante de musa de cinema
Guardava a minha insatisfação.
Durante a semana
Dispensei os aprendizes do meu trabalho
Convenci o chefe da inutilidade
Da contratação deles
Nâo sabem nada
Não tem experiência alguma
Eu poderia facilmente os substituir
Aglutinei seus salários ao meu
O suficiente para comprar meus sapatos.
Estava feliz novamente
Os meus sapatos me faziam melhor.
Deveria estar entre os melhores
Teria que ir naquele evento badalado
Eu e meus sapatos
Não gostava daquele tipo de evento
Mas meus sapatos pediam por tal.
Ao caminho vi que tinha feito a coisa certa
Um dos aprendizes estava trabalhando numa lanchonete
Aberta naquele feriado e pensei:
Livrei a empresa de um incompetente.
Estava radiante com meus novos sapatos
Chegando na entrada foi paixão a primeira vista
Encontrei minha paixão
Combinaria em cheio com meus sapatos
Ele nem olhou para mim
Terei que agir rápido
Ele fita a mulher que o olha a esquerda
Já sei o que tenho que fazer
Já vi o que gosta
Vai ser fácil ganhar
Ele combina com meus sapatos
Vai ser eletrizante desfilar com ele e meus sapatos.
Vou pedir para alguém sequestrar aquela sonsa
Que troca olhares com ele.
Meus sapatos combinam mais com ele.
Eu preciso, já sinto um vazio em mim.
Meu sorriso de musa de cinema
Mais algumas história inventadas sobre a sonsa
Me garantirão estar feliz novamente
Meus sapatos  e ele, que combina com os meus sapatos...

quinta-feira, 17 de março de 2011

Sem sentido

A poesia que leio está cada vez mais prática, cada vez mais utilitária, cada vez mais analítica, cada vez mais eloquente, cada vez mais técnica, cada vez mais "psicologeizada", cada vez mais marketeira, cada vez mais estruturada. A poesia inexiste então? Parece-me que poesia é mera retórica, cada vez mais "consumível". Isso é ruim? Isso é bom? Isso são questões? Isso são afirmações? Isso é ignorância?
Isso é desilusão? ou isso é reflexo dos minutos de ócio da manhã de quem sofre de azia?
Uma coisa é certa em relação ao que escrevi aqui: isso é incoerência, com falta de coesão e estilística.

domingo, 23 de janeiro de 2011

Mais uma vez sem versos

Uma regressão talvez pudesse me ajudar. Porque  sempre está presente em mim uma sensação de que pessoas que eu gosto a qualquer momento me deixarão por alguma coisa que disse ou fiz? Uma regressão talvez me explicasse o fundo disso. Se ao menos acreditasse em regressões, talvez elas pudessem por fim à elevada dor que sinto quando alguém querido se distancia de mim. Vou resolver as coisas de uma forma fenomenológica. Partirei de sua existência, não de sua origem. Só não sei se isso dará certo... Acho que não...

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Sem versos livres

Como se escreve uma carta de amor? Da mesma forma que se ama. Como se ama? Tudo menos sendo como romance. Costumo me apaixonar e amar como ele é. Mal humorado, falando besteira, falando asneiras, fazendo piada, não dizendo o que esperava, tropessando, sorrindo, quando tem medo, ou quando é tomado por valentia nobre. Costumo amar em qualquer hora. Na idealizada e na hora atrapalhada. Amo unicamente, atemporalmente, fielmente. Mas isso não é retribuído. Vejo-me pressa num paradoxo sentimental. Cada vez mais desacredito de seu amor por mim ter um dia existido, e cada vez mais sinto um sentimento desmedido de querer, cada vez mais minto que é fácil te esquecer, que o tempo cura. Cada vez mais amargo ter tido razão, que tiveras era fogo de palha. Amargo ter tido razão, de algo que pensava ser escudo de desilusão. Amargo ter querido apenas ter desejado ficar ao seu lado, quando não acreditavas nisso. Amargo não te esquecer facilmente. Amargo ter antes querido seu bem antes de meus desejos. amargo ter tido tanto medo do que sentia. Como se escreve uma carta de despedida? De despedida de amor. Dizendo que não quer a partida? Dizendo que quer qualquer tipo de amor  desde que seja o seu? Dizer que foi estúpida? Dizendo que se pudesse voltar no tempo, não te apagaria da minha vida por causa da dor que senti ontem? Não te apagaria, pois ainda que breve, com muito medo meu, com medo e desconfiança sua também. Te amar foi a melhor coisa que aconteceu em minha vida. Como se escreve uma carta de amor? Como uma circular? Como um memorando? Com súplicas? Como se escreve uma carta de amor a alguém que que não perdoa, que não te vê, que calcula as situações, e as descarta se não forem as que mediu acontecer? Como se escreve? Desperdiçaste um amor sincero, medroso mas sincero, sem teatro ou encenação ou medição. Desperdiçaste um amor fiel, um amor fiel. Tinhas medo que desperdiçasse meu amor, por isso hesitei em dá-lo a você. O que dizer a você? Como me dirigir a você? Chama-lo de cachorro? Sem dramas é assim que vida tem que ser? Então digo que estas lágrimas não são de tristeza, são de alegria, e este sorriso artificial não dói meu rosto pela força em sustenta-lo. Desperdiçaste meu amor. Um amor que se fazia feliz apenas por estar ao seu lado, de vê-lo, de fazer parte de sua vida. Mas isso é drama. Preferes o amor encenado, interessado, artificial e hipócrita. Preferes ser usado, preferes se iludir que o melhor é a conquista e o domínio. Como se escreve uma carta de amor a quem não se deixa ser amado. Roubaste meu coração, deu uma mordida e jogou fora. Fogo de palha. Mentiria a você se dissesse que te odeio. Mentiria se dissesse que o que disse não me machucou, apesar de ter fingido achar graça para não ser dramática. Mentiria se dissesse que esquecerei o seu olhar. Mentiria se dissesse que não te desejo hoje. Minha dor maior é que apesar de tudo ainda te amo. Como escrever uma carta de amor de despedida? Eu não sei. Apenas me digas um lugar que nunca pretendes ir, para que eu fuja para lá e assim possa ter esperanças que o que disse a você no início de tudo, que esquecerias o que sentia por mim, possa também valer para mim.
Desperdiçaste...

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Nomenclatura

Amor que dói é mole não
Saudade que lateja o coração
Também não há quem almeja ter
Deviam ter é nome de doença
Isso sim!
Sofro de amorzite, amortite,
acompanhada de sindrome de saudade
Causada por um carência de amoria
Sofro de complexo de eros
com complicação afrodítica.

O pensador que não queria ser

Uma vez me quis pensar o mundo
Os livros me dariam a resposta
Seriam a chave de libertação
E,a buscar o real, me lancei sedenta.
Nada me parecia tão urgente
Busquei os meios de seguir quem eu lia
E, sem perceber, aos poucos me moldei
Conheci vários ares, novas perguntas
Novos comportamentos, e estilos.
Tudo isso a leves doses
Mas quando fazia o caminho de volta pra casa
O que era certo, se ofuscava frente as realidades
que todo dia encontrava
E que sedimentava o que eu lia de dia.
Pois o que realmente estava acontecendo
É que me tornava aquilo que fugia ser.
Uma grande ignorante!
Ignorava que teóricos observam o real
Que ignoram matéria como fonte.
Não há como pensar o mundo
Frequentando apenas seletos espaços
Ignorando o que os jovens criam,
Seja música, modas ou modos.
Não adianta cuspir no pop.
Nem mesmo no "populesco"
E engrandecer só o "Popular do Brasil".
Toda matéria é digna de análise
Toda visão é digna de reflexão
A maioria dos livros que lia ignoravam
O real que propunham conhecer
Mas diziam resolver os males da ignorância.
Ser "cult" não te faz o cérebro do mundo.
Ao me incomodar com isso indaguei-me
Esse era o pensador que queria ser?

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Quando se quer alguém

Quando se quer alguém,
A palavra imprudente
é ofuscada pelo simples fato
de ter saciado o tato do afago.

Quando se quer alguém
O bem desse amor
é mais importante
que o desejo mesquinho.

Quando se quer alguém
ainda que o ciúme acumule
"tudo é na rua, na chuva,
ou numa casinha de sapê"

Quando se quer alguém
a vontade de estar perto
ignora o tédio do dia de fadiga
e em nenhum outro lugar quer estar.

Quando se quer alguém
ele almoça, janta, acorda e dorme
com presença em mente
de alguém que nem te conhece.

Quando se quer alguém
esse alguém não é trofeu
nem um meio de um fim
quer pra si o simples fato de estar alí.

Quando se quer alguém...

Amor de museu

Olho o amor de outrora...

Será de outrora mesmo?

tento me convencer disto.

será possível isso?

ou tento eternizá-lo,

confiando que o desejo

de dá-lo como museu

é apenas a razão

tentando ludibriar

meu coração?